Questões Militares de Português - Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre
Foram encontradas 79 questões
Ano: 2020
Banca:
Marinha
Órgão:
ESCOLA NAVAL
Prova:
Marinha - 2020 - ESCOLA NAVAL - Aspirante - 2º Dia |
Q1696257
Português
Texto associado
AS MARGENS DA ALEGRIA
Esta é a estória.
la um menino, com os Tios, passar dias no lugar
onde se construía a grande cidade. Era uma viagem
inventada no feliz; para ele, produzia-se em caso de
sonho. Saíam ainda com o escuro, o ar fino de cheiros
desconhecidos. A Mãe e o Pai vinham trazê-lo ao
aeroporto. A Tia e o Tio tomavam conta dele,
justinhamente. Sorria-se, saudava-se, todos se ouviam e
falavam. O avião era da Companhia, especial, de quatro
lugares. Respondiam-lhe a todas as perguntas, até o piloto
conversou com ele. O voo ia ser pouco mais de duas
horas. O menino fremia no acorçoo, alegre de se rir para
si, confortavelzinho, com um jeito de folha a cair. A vida
podia às vezes raiar numa verdade extraordinária. Mesmo
o afivelarem-lhe o cinto de segurança virava forte afago,
de proteção, e logo novo senso de esperança: ao não sabido, ao mais. Assim um crescer e desconter-se - certo
como o ato de respirar - o de fugir para o espaço em
branco. O Menino.
E as coisas vinham docemente de repente,
seguindo harmonia prévia, benfazeja, em movimentos
concordantes: as satisfações antes da consciência das
necessidades.[...]
O Menino tinha tudo de uma vez, e nada, ante a
mente. A luz e a longa-longa-longa nuvem. Chegavam.
Enquanto mal vacilava a manhã. A grande cidade
apenas começava a fazer-se, num semi-ermo, no
chapadão: a mágica monotonia, os diluídos ares. O campo
de pouso ficava a curta distância da casa - de madeira, sobre estações, quase penetrando na mata. O Menino via,
vislumbrava. Respirava muito. Ele queria poder ver ainda
mais vívido - as novas tantas coisas - o que para os seus
olhos se pronunciava. A morada era pequena, passava-se
logo à cozinha, e ao que não era bem quintal, antes breve
clareira, das árvores que não podem entrar dentro de
casa. Altas, cipós e orquideazinhas amarelas delas se
suspendiam. Dali, podiam sair índios, a onça, leão, lobos,
caçadores? Só sons. Um - e outros pássaros - com cantos
compridos. Isso foi o que abriu seu coração. Aqueles
passarinhos bebiam cachaça?
Senhor! Quando avistou o peru, no centro do
terreiro, entre a casa e as árvores da mata. O peru,
imperial, dava-lhe as costas, para receber sua admiração.
Estalara a cauda, e se entufou, fazendo roda: o rapar das
asas no chão - brusco, rijo, - se proclamara. Grugulejou!
sacudindo o abotoado grosso de bagas rubras; e a cabeça
possuía laivos de um azul-claro, raro, de céu e sanhaços;
e ele, completo, torneado, redondoso, todo em esferas e
planos, com reflexos de verdes metais em azul-e-preto - o
peru para sempre. Belo, belo! Tinha qualquer coisa de
calor, poder e flor, um transbordamento. Sua ríspida
grandeza tonitruante. Sua colorida empáfia. Satisfazia os
olhos, era de se tanger trombeta. Colérico, encachiado,
andando, gruziou outro gluglo. O Menino riu, com todo o
coração. Mas só bis-viu. Já o chamavam, para passeio.
[...]
Pensava no peru, quando voltavam. Só um pouco, para não gastar fora de hora o quente daquela lembrança, do mais importante, que estava guardado para ele, no
terreirinho das árvores bravas. Só pudera tê-lo um
instante, ligeiro, grande, demoroso. Haveria um, assim, em
cada casa, e de pessoa?
Tinham forne, servido o almoço, tomava-se
cerveja. O Tio, a Tia, os engenheiros. Da sala, não se
escutava o galhardo ralhar dele, seu grugulejo? Esta
grande cidade ia ser a mais levantada no mundo. Ele abria
leque, impante, explodido, se enfunava ... Mal comeu dos
doces, a marmelada, da terra, que se cortava bonita, o
perfume em açúcar e carne de flor. Saiu, sôfrego de o
rever.
Não viu: imediatamente. A mata é que era tão feia
de altura. E - onde? Só umas penas, restos, no chão. -
"Ué, se matou. Amanhã não é o dia-de-anos do doutor?"
Tudo perdia a eternidade e a certeza; num lufo, num
átimo, da gente as mais belas coisas se roubavam. Como
podiam? Por que tão de repente? Soubesse que ia
acontecer assim, ao menos teria olhado mais o peru -
aquele. O peru - seu desaparecer no espaço. Só no grão
nulo de um minuto, o Menino recebia em si um miligrama
de morte. Já o buscavam: - "Vamos aonde a grande
cidade vai ser, o lago..."
Cerreva-se, grave, num cansaço e numa renúncia
à curiosidade, para não passear com o pensamento. la.
Teria vergonha de falar do peru. Talvez não devesse, não
fosse direito ter por causa dele aquele doer, que põe e
punge, de dö, desgosto e desengano. Mas, matarem-no,
também, parecia-lhe obscuramente algum erro. Sentia-se
sempre mais cansado. Mal podia com o que agora lhe
mostravam, na circuntristeza: o um horizonte, homens no
trabalho de terraplenagem, os caminhões de cascalho, as
vagas árvores, um ribeirão de águas cinzentas, o velame-do-campo apenas uma planta desbotada, o encantamento
morto e sem pássaros, o ar cheio de poeira. Sua fadiga, de impedida emoção, formava um medo secreto:
descobria o possível de outras adversidades, no mundo
maquinal, no hostil espaço; e que entre o contentamento e
a desilusão, na balança infidelíssima, quase nada medeia.
Abaixava a cabecinha. [...]
De volta, não queria sair mais ao terreirinho, lá era
uma saudade abandonada, um incerto remorso. Nem ele
sabia bem. Seu pensamentozinho estava ainda na fase
hieroglífica. Mas foi, depois do jantar. E - a nem
espetaculosa surpresa - viu-o, suave inesperado: o peru, ali estava! Oh, não. Não era o mesmo. Menor, menos
muito. Tinha o coral, a arrecauda, a escova, o
grugrulhargrufo, mas faltava em sua penosa elegância o
recacho, o englobo, a beleza esticada do primeiro. Sua
chegada e presença, em todo o caso, um pouco
consolavam.
Tudo se amaciava na tristeza. Até o dia; isto era:
já o vir da noite. Porém, o subir da noitinha é sempre e
sofrido assim, em toda a parte. O silêncio safa de seus
guardados. O Menino, timorato, aquietava-se com o
próprio quebranto: alguma força, nele, trabalhava por
arraigar raízes, aumentar-lhe alma.
Mas o peru se adiantava até à beira da mata. Ali
adivinhara - o quê? Mal dava para se ver, no escurecendo.
E era a cabeça degolada do outro, atirada ao montura. O
Menino se doía e se entusiasmava.
Mas: não. Não por simpatia companheira e sentida
o peru até ali viera, certo, atraído. Movia-o um ódio.
Pegava de bicar, feroz, aquela outra cabeça. O Menino
não entendia. A mata, as mais negras árvores, eram um
montão demais; o mundo.
Trevava.
Voava, porém, a luzinha verde, vindo mesmo da
mata, o primeiro vaga-lume. Sim, o vaga-lume, sim, era
lindo! - tão pequenino, no ar, um instante só, alto, distante,
indo-se. Era, outra vez em quando, a Alegria.
ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. (Texto adaptado)
Assinale a opção cujo trecho reproduzido apresenta um
discurso indireto livre.
Ano: 2013
Banca:
UNEMAT
Órgão:
PM-MT
Prova:
UNEMAT - 2013 - PM-MT - Aspirante da Polícia Militar - Tarde |
Q1664086
Português
Texto associado
A questão é baseada no trecho a seguir:
“[...] Sem alegria nem cuidado, nosso pai
encalcou o chapéu e decidiu um adeus para a gente.
Nem falou outras palavras, não pegou matula e
trouxa, não fez a alguma recomendação. Nossa mãe,
a gente achou que ela ia esbravejar, mas persistiu
somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou: -
‘Ce vai, ocê fique, você nunca volte!’. Nosso pai
suspendeu a resposta. Espiou manso para mim, me
acenando de vir também, por uns passos. Temi a ira
de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito. O rumo
daquilo me animava, chega que um propósito
perguntei: ‘-Pai, o senhor me leva junto, nessa sua
canoa?’. Ele só retornou o olhar em mim, e me botou
a bênção, com gesto me mandando para trás. Fiz que
vim, mas ainda virei, na grota do mato, para saber.
Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar.
E a canoa saiu se indo – a sombra dela por igual,
feito um jacaré, comprida longa [...]”.
ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2001. p.80.
Primeiras estórias é uma coletânea de contos
de João Guimarães Rosa que traz marcas de
oralidade, demonstrando a relação do autor com o
povo do interior brasileiro, atribuindo à narrativa uma
contribuição popular que a torna regional. No conto “A
terceira margem do rio”, a linguagem rosiana está
coordenada por fórmulas que se ouve na boca do
povo, criando uma arte original com as palavras. São
ditos populares e construções às vezes inventadas
que habitam a fala de pessoas de poucas letras e que
se concretizam por meio das personagens que o
autor criou.
Identifique em qual das alternativas abaixo os dois trechos citados trazem marcas de oralidade no discurso direto:
Identifique em qual das alternativas abaixo os dois trechos citados trazem marcas de oralidade no discurso direto:
Q1623316
Português
Texto associado
O texto abaixo, uma transcrição da fala em vídeo do youtuber Felipe Castanhari, é referência para a questão.
Olá, meus queridos amigos. Tudo bem com vocês? Eu sou Felipe Castanhari. E vocês devem ouvir falar muito sobre a tal guerra na
Síria. Que estamos o tempo todo na tevê e na internet. E eu notei que a grande maioria das pessoas não fazem ideia do que tá
rolando. Por que uma galera tá enchendo os barcos com risco de morrer só pra sair de um país? Mano, o que está acontecendo?
Basicamente, o que tá rolando ali é uma guerra civil que está devastando o país. São centenas de milhares de pessoas mortas. E
tem muita gente desesperada tentando sair desta M. Pessoas que perderam suas casas, perderam suas famílias estão tentando
deixar o país a procura de uma vida decente. Mas como assim, a Síria chegou nessa situação de M.? Vamos imaginar que a Síria
é um grande colégio, uma grande escola. E esse colégio é governado por um cara chamado Bashar al-Assad, que está comandando
esse grande colégio desde 2000. Antes disso, quem comandava esse grande colégio era seu pai, um rapaz chamado Hafez alAssad. Digamos que a democracia não é um conceito muito cultuado nesse colégio, porque é a mesma família que manda naquela
P. há 40 anos. Só que aconteceu uma grande M. em 2011 e tudo mudou. Lembra que estamos fazendo de conta que a Síria é um
grande colégio, certo? Então temos várias turmas no ensino médio. Cada uma delas com 30 alunos mais ou menos. Ninguém
gostava do diretor, do dono da escola. Só que mesmo assim o pessoal ficava meio de boa. Ficava todo mundo meio que passando
de ano, sabe? [...] Só que em 2011 a galera de uma das salas resolveu descer pro pátio e protestar contra o diretor. Porque ele dava
meio que uns privilégios só pra umas turmas. E o resto do colégio meio que se F., meio que se F. legalmentis. Então, tinha uma
galera que tava meio cansada disso e foi lá pro pátio protestar. Eles foram lá e fizeram um protesto pacífico. Ele chegou lá e viu
aquela confusão no pátio e resolveu expulsar todo mundo que tava ali protestando. [...] Meteu bala geral. [...] Só que foi aí que
começou a virar uma loucura, porque as próprias salas começaram a se dividir. Então ao invés do colégio inteiro partir pra cima do
diretor, eles começaram meio que formar panelinhas. E quando as panelinhas se encontravam no pátio, elas começavam a brigar
entre elas. [...] Véio, isso é um P. absurdo [...]. Pessoal, vamo entender isso. As pessoas preferem arriscar suas vidas e morrer
afogado no mar do que ficar lá na Síria. Olha a M. que tá acontecendo. [...] Além de ter bombardeio, as pessoas de Alepo, a principal
cidade do conflito da Síria, elas estão sem água, sem comida, remédios, energia elétrica. Alepo virou um verdadeiro inferno. E a
gente pode fazer um pouquinho mais do que ficar indignado. Talvez isso esteja muito longe da gente. Mas a gente aqui no Brasil
tem como ajudar. Existem várias entidades como a Unicef que estão fazendo um trabalho de socorro aos civis na Síria,
especialmente as crianças, galera. A gente pode fazer doações para essas entidades. E às vezes uma pequena quantia pra você
pode fazer uma P. diferença pruma criança lá na guerra.
Considere o trecho que vem na sequência da fala de Castanhari.
E outra coisa que você podia fazer é não apoiar pessoas de políticas do mal ou contra os refugiados da Síria. Porque no meio disso tudo tem pessoas ignorantes que dizem que os refugiados da Síria são todos terroristas. Porque no meio disso tudo, o que as pessoas precisam é de países dispostos a estender a mão para elas. Porque no meio de todo esse sofrimento, dessa guerra, de toda essa morte, a única esperança que um refugiado tem de ter uma vida normal está nas mãos de um país vizinho disposto a estender a mão pra essa pessoa. [...]
Assinale a alternativa que sintetiza o trecho em formato de discurso indireto.
E outra coisa que você podia fazer é não apoiar pessoas de políticas do mal ou contra os refugiados da Síria. Porque no meio disso tudo tem pessoas ignorantes que dizem que os refugiados da Síria são todos terroristas. Porque no meio disso tudo, o que as pessoas precisam é de países dispostos a estender a mão para elas. Porque no meio de todo esse sofrimento, dessa guerra, de toda essa morte, a única esperança que um refugiado tem de ter uma vida normal está nas mãos de um país vizinho disposto a estender a mão pra essa pessoa. [...]
Assinale a alternativa que sintetiza o trecho em formato de discurso indireto.
Ano: 2020
Banca:
Aeronáutica
Órgão:
EEAR
Provas:
Aeronáutica - 2020 - EEAR - Sargento da Aeronáutica - Topografia
|
Aeronáutica - 2020 - EEAR - Sargento da Aeronáutica - Pavimentação |
Aeronáutica - 2020 - EEAR - Sargento da Aeronáutica - Administração |
Aeronáutica - 2020 - EEAR - Sargento da Aeronáutica - Eletricidade |
Aeronáutica - 2020 - EEAR - Sargento da Aeronáutica - Eletrônica |
Aeronáutica - 2020 - EEAR - Sargento da Aeronáutica - Obras |
Aeronáutica - 2020 - EEAR - Sargento da Aeronáutica - Radiologia |
Aeronáutica - 2020 - EEAR - Sargento da Aeronáutica - Enfermagem |
Aeronáutica - 2020 - EEAR - Sargento da Aeronáutica - Informática |
Aeronáutica - 2020 - EEAR - Sargento da Aeronáutica - Laboratório |
Q1610399
Português
Assinale a alternativa em que os versos apresentados contêm
discurso direto.
Ano: 2017
Banca:
Exército
Órgão:
CMJF
Prova:
Exército - 2017 - CMJF - Aluno do Colégio Militar (EF) - Português |
Q1373655
Português
Assinale a alternativa correta em relação à estrutura dos textos I, II e III.